Eles tem o conceito, o espaço e material. Deram-me a chave de uma sala vazia e 'desenrasca-te'.
A sala tinha um cheiro muito próprio que passados 3minutos lá dentro deixei de sentir, pó , teias de aranha e uma barata morta há muito tempo... ENORME! Todos os formadores e funcionários me disseram que os alunos iriam vir na altura de limpar. E eu disse-lhes eu também o posso fazer.
Lá comecei por abrir janelas, cortinas, sacudir pó e tirar as teias de aranha. Ansiosa por arranjar lixívia e bom detergente cheirosinho para criar a diferença naquela sala.
Entretanto, chegou o formador que vinha montar 6computadores novos a estrear.
E claro com ele 6alunos para ajudarem e aprenderem também.
Tirou-me do sério quando depois de eu ter posto todas as cadeiras de pernas para o ar... para podermos limpar o chão como deve ser. E o formador mal chegou mandou-os por as cadeiras para baixo.
Então eu disse respeitosamente a deitar fogo pelos olhos: Primeiro poderiamos talvez limpar o chão!
E ele disse tenho uma reunião às 17.00 não tenho tempo para limpezas. Talvez depois.
E eu saquei a chave da sala do meu bolso como se fosse uma arma. Cheguei ao pé dele e disse: 'Já não preciso dela e o Formador já não precisa de mim.'
E eu encolheu-se, sorriu e disse:' Ah... Estamos juntos, Gabriela.' E sem pegar na chave virou-se para um aluno e pediu que fosse buscar uma vassoura.
Entretanto enquanto eu observava o aluno a limpar onde passava a procissão, o formador pediu a outro aluno que fosse buscar água para limpar o chão.
E até se me sorriram os olhos! Finalmente alguém iria limpar!
Passado um bocado o aluno apareceu com um balde com água e um pano. Nada de detergente ou esfregona. E aí percebi a mensagem.
O aluno foi até um canto da sala encharcou o pano... colocou-se de joelhos e começou a esfregar.
Aí apeteceu-me trocar de lugar com ele.
O meu cérebro ainda não está completamente consciente da realidade em que se encontra. Mesmo que por vezes parece mesmo que estou em Portugal... pequenas diferenças como esta arrastam-me para a realidade: África.
Daniela Pinto
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